1º Recruta

E sem saber muito bem como, ali estava ele, de pé na fase de recrutamento da CIA, assim como muitos outros. Não estava assustado, apenas entusiasmado e curioso, pensando no que os formadores tencionavam fazer com os recrutas. Depois de um longo discurso, a que Sullivan pouca ou nenhuma atenção prestou, devido ao entusiasmo, Alexa, uma formadora, explicou-lhes que seriam divididos em dois grupos, Eagles ou Ravens, Sullivan ficou no segundo, para ele era tudo o mesmo, pouco lhe importava o grupo a que havia de se juntar. Os seus colegas foram-se apresentando e ele acabou por fazer o mesmo, nesse dia nada fizeram, apenas conversaram sobre os medos e dificuldades que haviam de enfrentar na recruta. Mais tarde, ainda nesse dia, chegara a hora do recolher, eram 22 horas e já todos os recrutas estavam deitados, a dormir, ou a fingir que o faziam, Sullivan estava como que ligado à corrente, sorria e estava tão desperto que fazia confusão. Naquela noite pouco ou nada dormira, tal era o entusiasmo.
Acordou, atordoado, não sabia o que se tinha passado, estava meio tonto e não conseguia pensar direito. Via tudo negro, com uma luz, escassa, ao fundo, estaria a morrer? Não sabia o que se estava a passar, só sabia que se sentia desconfortável e os seus membros não respondiam aos movimentos que tencionava fazer. Estava amarrado, pés e mãos, e o negro que via, não era cegueira, mas sim algo que lhe tapava a cabeça. Ouviu estranhos ruídos no local onde se encontrara, para além de respirações ofegantes. Alguém, ou algo se movimentava bruscamente, como se, quase em pânico, não tardou a ouvir um suspiro de alívio e algo a aproximar-se, tapando a luz que lhe ofuscava os olhos. Sentiu o saco a ser-lhe retirado e as mãos a serem desatadas, de seguida. Olhou para a rapariga, meio, confuso, com cara de parvo, sentia baba a escorrer-lhe de um dos cantos da boca, limpou-a apressadamente, agradecendo à rapariga de seguida. Soltou as cordas que lhe prendiam os pés, com alguma dificuldade, os nós nunca foram o seu forte. Permaneceu em silencio, mas apressou-se a ir ao encontro da rapariga que o havia soltado, que estava, agora, a soltar um outro alguém. Ainda não sabia onde estava e continuava tonto e com uma vontade estranha de vomitar, respirou fundo e agarrou a barriga, agachando-se. Perguntaram-lhe se se sentia bem, respondeu que sim com um aceno e, pouco depois, levantou-se, mais bem disposto e aliviado.
-Vamos sair daqui. Só temos 3h para chegar aos dormitórios e o caminho não é curto. - disse Elena. -O quarto está com pouca claridade e os instrutores devem ter usado isso como factor. - acrescentou.
Estavam numa sala, iluminada apenas por uma luz quase gasta, uma das raparigas decidiu esmurrar uma parede, pensando que esta fosse oca, sem sucesso.
-Não deve ser assim tão fácil deve estar mais alguma coisa lá fora por isso quando sairmos temos de estar prontos. - disse Sullivan.
-Sou a Elena. - disse uma das raparigas, apesar de já se terem apresentado anteriormente.
- Sullivan. - respondeu o rapaz.
A outra rapariga apresentou-se também, dizendo que se chamava Elaine. Sullivan olhou em volta, tentando pensar numa maneira de sair dali, reparou, com dificuldade, num armário. Chamou as raparigas para verem aquilo que tinha encontrado, Elena sugeriu que o arrombassem, enquanto Elaine disse que seria melhor desviarem-no da parede primeiro, seria mais fácil assim e, com sorte haveria algo por de trás dele, ou debaixo. O armário era pesado, mesmo com a força dos três recrutas, pouco se desviou. Quando se mexeu o suficiente para alguém caber atrás do mesmo, Sullivan enfiou-se na pequena falha que o armário formava com a parede e fez força com os pés para empurrar o armário, este moveu-se. Para tristeza dos três, não havia nada por de trás do mesmo, nem debaixo, como esperavam. Elena, voltou a dizer que o devíamos arrombar, mas Sullivan teve uma ideia que, se resultasse, os havia de tirar dali.
- Elena, lembras-te de quando deste um murro na parede? Abanou um pouco não foi? O que acham de tentarmos rebentar com a parede, usando o armário? - explicou Sullivan, sorrindo.
As raparigas concordaram, mas o armário era demasiado pesado, não conseguiriam partir a parede usando-o, pelo menos inteiro... E mais uma vez, Elena disse que deveriam arrombar o armário, os outros dois recrutas concordaram. Com algum esforço, conseguiram fazer com que o armário caísse, causando um estrondo enorme e fazendo pedaços grossos de madeira voar pela sala. Grande foi o espanto quando os 3 recrutas viram o que o armário continha.