1º Recruta

Os recrutas caminharam durante uns minutos, até que um carro se aproximou e do seu interior saiu Alexa.

- Agora põem todos estas vendas nos olhos e entram no carro. - disse com a arma apontada a eles e atirando-lhes vendas.

Os recrutas obedeceram. Estando vendados, não conseguiram ver o caminho. O carro parou após algum tempo. Elaine sentiu alguém guiá-la para o que mais tarde identificou como sendo um armazém e sentá-la numa cadeira.

- Bem vindos à segunda fase. - disse Alexa. - Caso não os tenham reconhecido, esses amiguinhos são capazes de choques de 600 volts. Iremos fazer a cada um de vocês várias perguntas e se acharmos que estão errados o agente que está atrás de vocês irá pôr a vossa cabeça dentro balde. Alguma coisa a dizer antes de começarmos? - perguntou, parecendo entusiasmada.

Elaine ficou com receio de errar e ter de mergulhar a cabeça no balde, mas não o demonstrou. Manteve-se hirta e aparentemente calma, aguardando pelas perguntas.

Todos os recrutas continuavam, sentados, nas cadeiras, com apenas um balde à frente de cada um. Os peixes nadavam, como podiam, no escasso espaço do balde, era meio desconfortável olhá-los. Caleb, um dos formadores, explicou, aos recrutas, o que teriam de fazer.
- Bem-vindos à fase 2. Aqui o vosso raciocínio vai ser posto à prova: 3 perguntas. 3 respostas certas. Eis as perguntas. - disse, fazendo uma pequena pausa, continuando de seguida. - O que farias se o teu parceiro fosse capturado? Descobres que o teu parceiro é um agente duplo o que fazes?E Porque é que numa troca de encomendas, quem as transporta numa sabe o seu conteúdo?
Uma rapariga, recruta, não conseguiu esperar e provocou Alexa, dizendo que um choque dos peixes não lhe parecia má ideia, sem mais demoras, a formadora estalou os dedos, como que uma ordem para um dos homens, que estava atrás da recruta, lhe mergulhasse a cabeça no balde. Gritou, a teoria de Sullivan, dos peixes serem nada mais que normais, desfez-se naquele momento. Ficou confuso, olhou para o balde mais uma vez e pensou «Raios, pensava que eram mesmo só para nos assustar... Mas bem, de qualquer maneira vou manter-me calmo, como até agora estive, é um teste ao nosso psicológico, se responder acertadamente e convicto das minhas palavras, de certeza, que consigo passar sem me meterem a cabeça ali» Fechou os olhos, respirou fundo e ergueu a cabeça, deixando a sua face sem qualquer emoção. Aguardou a sua vez e, quando as perguntas lhe foram, finalmente, dirigidas respondeu da melhor maneira que achou possível.
- Como resposta à primeira questão, o que faria no caso do meu parceiro ser capturado era, obviamente, manter a calma e focar-me na missão que me competia, por mais que a segurança de um dos nossos esteja em risco, fundamental é concentrar-mo-nos na missão, mas, se possível, pensar nalguma maneira de conseguir fazer ambas as coisas, concluir a missão e salvar o companheiro. Mas, se me for possível apenas optar por uma das coisas, por mais que sentisse afecto pelo meu companheiro, a missão é mais importante, além disso, ao ir para a CIA as pessoas sabem que vão enfrentar riscos e o sequestro é um deles, por isso, acredito que, se fosse eu a ser capturado, fariam o mesmo. - Sullivan fez uma breve pausa, respirando e recordando a segunda questão, continuando segundos depois. - Quanto à segunda pergunta, se descobrisse que o meu parceiro era agente duplo, iria fingir nada saber, concentrando-me, mais uma vez, no que é importante, ou seja, a missão. Um agente duplo pode tanto trazer problemas, como vantagens, por isso, teria de ter a certeza que o vigiava e não lhe perdia o traço, sem que levantasse suspeitas. Não o confrontaria, como é óbvio, com o facto de ele ser agente duplo, ia fingir que nada sabia, fazendo-o pensar que só o sabia de meu parceiro, assim, poderia sacar-lhe informação importante, sem que ele desconfiasse. Mas havia que ter cuidado, pois uma pequena informação que lhe desse sobre a missão de que estávamos, ambos, encarregues podia dar cabo de toda a operação, para a minha agência e favorecer a agência para a qual o agente, meu parceiro, trabalhasse. - com calma, voltou a respirar, com uma breve pausa, pensando numa resposta para a seguinte pergunta. - E, por fim, respondendo à última questão, um individuo nunca deve saber o que contém a encomenda que transporta, porque para além do perigo que poderia haver de denunciar à polícia, ou algo do género, se por exemplo, no pacote estivesse uma bomba, quem a transportasse iria agir de forma suspeita e com expressão de nervosismo, principalmente se a bomba corresse o risco de rebentar a qualquer momento, assim, alguém que soubesse que haveria um individuo responsável por transportar uma encomenda importante, automaticamente havia de desconfiar se o visse agir daquela forma.
Apesar de nervoso, desconhecendo o que se sucederia, manteve a mesma expressão de emoções nulas, a única coisa que podia denunciar os eu nervosismo era o bater sonoro e acelerado do seu coração, que parecia ecoar por toda a sala.

As questões a que Elaine teria de responder eram:

1 - O que farias se o teu parceiro fosse capturado?
2 - Descobres que o teu parceiro é um agente duplo, o que fazes?
3 - Porque é que numa troca de encomendas, quem as transporta nunca sabe o seu conteúdo?

Ela refletiu durante momentos, acabando por afirmar:
- Se o meu parceiro fosse capturado, avaliaria as hipóteses que tinha de salvá-lo sem arruinar a missão. Se socorrê-lo estivesse ao meu alcance, fá-lo-ia. Caso contrário, avisaria a agência da situação de risco em que este se encontrava e prosseguia sozinha.
Fez uma breve pausa, dizendo depois:
- Caso viesse a descobrir que o meu parceiro era um agente duplo, fingia não saber de nada durante algum tempo, tentando compreender o que planeava. Quando achasse conveniente, sedava-o e telefonava para a agência, que decidiria o seu futuro.
Concluiu, então:
- Numa troca de encomendas quem as transporta nunca sabe o seu conteúdo por motivos de segurança, pois deter esse conhecimento pode alterar o seu desempenho, ao deixá-lo nervoso ou desconfortável.
Não tendo mais nada a acrescentar, Elaine calou-se e esperou pelo veredicto dos instrutores.