1º Recruta

Relembrando a primeira mensagem :

Sai do avião, tinha passado dois meses na Arábia Saudita numa missão. Não me sentia minimamente cansada, fui ao meu quarto, tomei um duche e vesti-me. Desci as escadas do edifício a correr e passei pelo Michael.
- Alexa tens recrutas à tua espera na Quinta. O Caleb já lá está. - ouvi o Michael dizer-me.
-Ok chefe. - disse-lhe e fui para o meu carro. Em menos de 5 minutos tinha chegado à Quinta.
Olhei para a lista de recrutas:
Wayne Gerrard
Elena Miller
Valkyria Fairchild
Sullivan Green
Elaine Wellington:
Sophia Weblest
Skylar Stone
Leah Knight
Jason Krowne
Blaine Anderson
Andrew Reyne
"Leah Knight, a sério?! Porquê que ela veio para aqui?" suspirei, mas tal como eu tinha vindo para cá ela tinha o direito de fazer o mesmo.. Eu ia tratá-la como qualquer outro recruta.
Não vi o Caleb mas vi os dez recrutas à minha frente.
- Alexa Knight. - disse séria. Olhei de alto a baixo cada um dos recrutas. - Se algum de vocês estiver fora da Quinta daqui a seis meses, dou-vos os meus parabéns. Sinceramente duvido que isso aconteça..
Sabia que aquilo que dissera não era o que eu achava, mas tinha de o dizer.

- Não é coragem nem insulência - disse - Quanto aos cafés, eu sou um bom agente, eu não me importo de ficar no headquarter... E Alexa muito boa pontaria. E sabes quem foram os meus pais.
- Cafés, eu gosto, e iria ser um prazer trabalhar contigo...
" 5 km de distancia e mesmo assim o meu é um tiro morteifero." pensei eu

Tentei ignorar o que se tinha passado, apesar disso a vida daqueles dois ia ser um inferno. Uma das primeiras coisas que eu aprendera era a respeitar os meus superiores.
Os dias seguintes foram apenas aulas intensivas às mais variadas matérias. E no final da primeira semana houve a primeira prova física. Consistia num percurso de obstáculos. Os recrutas começavam todos por saltar de um avião e tinham de cair perto do alvo para poderem continuar. Todos eles tinham paraquedas difíceis de controlar por isso esta parte ia ser complicada. Depois iriam correr durante 20 km com mochilas com 40 kilos às costas. Pelo caminho iriam encontrar os mais variados obstáculos como paredes de escalada, fossos de água com vários metros de profundidade e muitas outras coisas. No final do percurso uma surpresa boa ou má esperava-os.
Expliquei-lhes o que fazer e entrámos todos nó avião que descolou.

Saltar de paraquedas, bem e acertar no alvo, é exatamente como disparar uma arma, pode ser complicada de manusear e acertar, mas com calma tudo se fazia como queriamos.
- Eu salto primeiro - disse.
Assim que Alexa acentiu que eu podia saltar imediatamente o fiz.
Deixei grande parte da queda ser feita pelo meu corpo, quando vi que estava na altura de abrir o paraquedas assim o fiz, puxei o cordel e o paraquedas abriu.
O manuseamento era realmente complicado mas nada que não se resolve-se com força, agilidade e paciencia.
Acertei perto do centro do alvo, apenas alguns metros afastado do ponto vermelho.
- ALMOST BULLSEYE - disse.
Agora estava na altura de correr. Sacos de 40kg. Estavam às nossas costas, um fosso cheio de agua era o primeiro obstaculo, iria deixar a roupa mais pesada e a mochila igualmente, nadei, era complicado, mas fiz sem nenhum queixume.
Agora uma parede de escalada, a roupa ensupada e pesada tal como a mochila, fui a escalada mais complicada que eu alguma vez tinha feito.
Uma corrida de 20km com paragens no meio para flexões, sempre tudo seguido sem parar.
Cheguei ao fim com arranhões, cara vermelha, ombros em sangue.
"Done, but I'm dead" e cai no chão.

"Óptimo!" Pensou Skylar quando se apercebeu que iria ter de correr com mochilas que pesavam pouco menos do que ela.
Assim que chegou a sua vez de saltar alistou-se junto à porta do avião, respirou fundo e saltou.
O salto em queda livre seria provavelmente a parte preferida de Skylar, a sensação de liberdade era imensa, mas assim que puxou a corda para abrir o pára-quedas e este não abriu a expressão no seu rosto mudou drasticamente.
Tentou novamente, o pára-quedas não abria, à medida que se aproximavam do chão aumentava a velocidade com que iria embater o que não deixava Sky mais confortável. Num acto de quase desespero deu um puxão forte no cordel e este por fim abriu, sem muito tempo para controlar o pára-quedas e após algumas tentativas desastradas se o fazer, Sky tentou cair sobre o seu corpo, mas o cálculo da aterragem foi mal feito e esta acabou por cair com todo o seu peso em cima do seu pé.
- Lindo! - gemeu Skylar com dores no pé.
Não estava muito longe do local onde era suposto aterrarem, antes de se dirigir para lá rasgou parte da sua camisola e ligou-a ao pé, evitando que o seu estado piorasse durante a corrida de obstáculos.
Dirigiu-se para o início da prova, estava à sua espera uma enorme mochila de 40 kg, Sky colocou-a às costas questionando-se o que estaria lá dentro.
Início a corrida, quando chegou ao primeiro obstáculo (um fosso repleto de água) Sky pensou em formas de o contornar sem ser mergulhar, mas nada havia que pudesse fazer, saltou para a água e minutos depois saiu de lá encharcada. Seria difícil continuar com a roupa molhada. Foi então que Skylar se lembrou que talvez dentro da mochila estivesse algo que pudesse utilizar, porém, não sabia se o poderia fazer ou não, e a ideia de um castigo não lhe agradava propriamente pelo que simplesmente continuou com a roupa ensopada.
Mal chegou à parede de escalada Skylar sabia que com a mochila seria muito mais complicado, esta alteraria o seu centro de massa e manter o equilíbrio seria um grande desafio. Começou a escalar, a mais de metade da parede Sky desequilibrou-se.
- Raios! Não! - gritou a rapariga enquanto tentava manter o equilíbrio.
Conseguiu voltar a equilibrar-se e terminou o obstáculo.
Seguiam-me percurso de barreiras, rastejar, e os mais variados desafios. Sky continuou, os últimos km eram apenas corrida continuada o que naquele momento era um alívio.
Assim que chegou ao destino Skylar tirou a mochila dos ombros e deixou-se cair no chão. Tinha a respiração ofegante, salpicos de lama por todo o seu corpo e as dores no seu pé eram tão fortes que pareciam que lho estavam a arrancar. Os seus ombros estavam queimados com o peso da mochila, o seu cabelo ruivo coberto de terra, estava cansada mas pelo menos havia terminado o percurso.

"Certo....saltar de um avião....canja....como se eu já tivesse saltado de um avião antes..." Bem, apesar de Valkyria nunca ter saltado de para-quedas, já tinha lido muito sobre o assunto...mas isso não a impediu de entrar em pânico e abrir o para-quedas cedo de mais. Mas isso acabou por se tornar uma vantagem: apesar de ficar mais tempo no ar,tinha mais tempo para aprender a manusear aquilo, de modo que acabou por não cair muito longe do local de aterragem.
Feliz e contente dirigiu-se ao local....e viu as mochilas de 40 Kg. "Adeus coluna.....". Bem, correr com aquilo ás costas não foi propriamente fácil. Todo o treino que fizera não a preparara para carregar aquele peso. A mochila enterrava-se nos ombros a cada passo, e cada metro era uma tortura.
E então chegou o primeiro obstáculo: o fosso. "Ah, não. Nem pensem que sou louca o suficiente para atravessar isso a nado...só o peso seria suficiente para me fazer afogar." E então teve uma ideia. Qualquer objeto se tornava mais leve dentro de água, devido á densidade desta. Apesar de isso não ser suficiente para conseguir nadar com o saco, já chegava para o puxar com uma corda através da outra margem. O fosso só tinha 5 metros de largura. Depois de procurar nas redondezas, encontrou uma corda. Atou uma ponta da corda á mochila, que deixou na margem, e outra ao seu pé, atravessando o fosso a nado.Quando chegou á outra margem, foi só puxar pela corda, e a mochila lá veio até si. Pôs-la ás costas, guardou a corda lá dentro e continuou o percurso.
Quando chegou a vez da escalada, voltou a usar o truque da corda. Olhou para cima e viu se havia algo que pudesse usar como roldana. Havia uma árvore com ramos fortes. Perfeito! Voltou a prender a corda entre si e a mochila, como há pouco,e começou a subida,tornada díficil mais pelo cansaço que já sentia. Quando finalmente chegou ao topo, soltou a corda do pé, passou-a por cima do ramo mais forte da árvore e começou a puxar a corda para baixo, fazendo subir a mochila. Esta já ia a meio do caminho quando o ramo começou a estalar. Kiry puxou com mais força, e mal a mochila chegou lá cima e ela a recolheu, o ramo partiu-se. "UFA mesmo a tempo...". Quando finalmente chegou á meta, estava podre de cansaço, e tinha as costas todas negras, e muitos arranhões no corpo. O suor escorria pelo seu corpo e até chorava lágrimas de cansaço. Mas sobrevivera. Pousou a mochila e deixou-se caír no chão, a descansar.

O chão era um borrão indistinto de cores ao longe, onde pequenas nuvens passavam. O som do vento era ensurdecedor, tinha as minhas pernas a tremer já se tinham passado uma semana e os meus cigarros também já tinham ido ao ar, mas quem estava prestes a ir pelo ar era eu. Levantei-me vagarosamente e dirigi-me a enorme abertura que dava para o céu, tinha a Alexa ao meu lado, provavelmente estava a dizer-me para saltar, talvez a berrar, mas eu tinha os meus olhos presos no vazio, por momentos fez-se silencio na minha mente, até me aperceber do que estava a acontecer e de sentir um forte empurrão que me direccionou para o vazio. Sentia o vento a passar pela minha cara a alta velocidade, o meu corpo começou a rodopiar descontrolada mente, o meu estômago estava completamente ás voltas, até que a minha mente chegou a um ponto que decidiu parar.

-Calma, controla-te!

Pensei para mim próprio esticando os braços e estabilizando o meu corpo que caía desgovernadamente a alta velocidade, já tinha visto pessoas a saltar de para-quedas mas nunca me tinha propriamente passado pela cabeça fazê-lo. Quando vi o chão a aproximar-se decidi puxar o cordel que abria o para-quedas, este abriu logo a primeira para surpresa minha, mas o vento fazia com que o controlo do mesmo fosse difícil conseguindo aterrar alguns metros depois do alvo.
Desapertei a mochila deixando o para quedas correr ao vento e deparei-me com as mochilas de 40 kg. Quando esta pousou nas minhas costas desequilibrei-me um pouco colocando o meu peso para frente e começando a correr para o meu próximo objetivo.
Aos meus pés abriu-se um enorme fosso, cheio de agua lamacenta.

-Nada melhor do que um mergulho para refrescar as ideias.

Saltei para a água e comecei a debater-me com o peso da mochila fazendo os possíveis para me manter a suprefície e chegar a outra margem, depois de um grande esforço consegui, exausto e e ensopado mas consegui. Continuei a minha corrida até encontrar uma parede de escalada, parei por uns momentos e comecei a tossir enquanto me sentava no chão a olhar para a parede. Decidi tirar a mochila e atira-la para o outro lado, mas esta caiu ao meu lado.

-Que ideia brilhante que tive, o que me passou pela cabeça.

Disse cheio de escárnio na voz, voltei a pegar na mochila e comecei a trepar a parede, as mãos escorregavam ao toque devido a estas estarem molhadas, depois de uma queda consegui passar a parede e comecei a correr. Vinte quilómetros de corrida sem parar, vinte quilómetros que pareceram mil até chegar ao ponto onde alguns recrutas já estavam. Quando parei deixei-me cair no chão ainda com a mochila as costas a fitar o céu azul.

-És muito mais bonito visto daqui...

Mal tive tempo de me preparar. Fui "empurrado" do avião, o que não facilitou nada a minha abordagem aérea. Fiz a contagem para abrir o paraquedas, mas baralhei-me abri-o cedo de mais. Assim que este se abriu, o meu corpo foi puxado para cima e entrei numa espiral, rodopiando no paraquedas e a cair a uma grande velocidade. Respirei fundo, muito difícil, e tentei controlar o paraquedas o melhor possível, aterrando bruscamente no chão. Aterrei ligeiramente, mas depois fui arrastado alguns metros, com a cara enfiada na terra, daí o bruscamente. Levantei-me, a coxear, e fui buscar a pesada mochila. Corri os mais rápido que o meu corpo me permitia, ou seja, quase nada. Fiz o percurso de obstáculos o melhor que conseguia e quando finalmente terminei tinha o corpo todo cheio de lama, nódoas negras nas pernas, ombros e costas. Alguns cortes nos antebraços e na cara. Estava ofegante e simplesmente atirei a mochila para o lado e deitei-me no asfalto, esperando novas ordens.

Saltar do avião não me parecia muito mal. Desde nova fazia-o com o meu pai e a minha irmã. Sorri e saltei, não era assim tão difícil de controlá-lo, já tinha estados com paraquedas mais difíceis. Aterrei a alguns metros do centro dó alvo mas ainda estava dentro so mesmo. "Agora vem a parte desagradável" suspirei, correr muito não era fácil para mim, muito menos com pesos às costas. Pus a mochila às costas e comecei, tentei controlar a respiração mas perdi o controlo logo que vi o primeiro obstáculo. Tentei fazer o meu melhor mas demorei cerca de uma hora a acabar o percurso. Quando cheguei ao final estava exausta, pousei a mochila no chão e sentei-me tentando controlar a minha respiração ofegante.

Aproximei-me de todos os recrutas. Depois de saltar do avião ainda houve mais alguns exercícios psicológicos nas últimas semanas. Finalmente a recruta terminara. Todos eles estavam alinhados, lado a lado, esperando a decisão final:
- Os meus parabéns recrutas. Aguentaram firmes estes últimos meses, mas digo-vos, por experiência própria, que isto não foi nada, comparado com as missões que vão desempenhar. Podem regressar ao conforto das vossas casas e segunda-feira é bom que estejam na sede. Pontualidade é algo que valorizamos. Boa sorte.
Despedi-me deles e fui ter com o Jason:
-Vamos para casa, anda.
Ele tirou do bolso umas chaves de casas diferentes das minhas:
- Já tenho casa, agora, mas obrigado mano.
Ele virou-me as costas e foi-se embora no carro.